São cinco, do sol nem sinal. O ponteiro maior marca 110km/h, o do lado 5.000rpm, nem nas curvas eles descem, certos pontos aumentam. O vento, uivante, instiga, implora ao pé direito mais diversão.
Na curva ele vê o monstro, um céu já avermelhado completa o cenário, distorcido o metal é mais metálico, cortante. O monstro espera no canteiro central, nota-se sangue no seu corpo branco, o chão rasgado, a árvore derrubada e o preto óleo indicam por onde ele passou. Dor e tristeza o monstro transmite, destruição e morte são o que ele levou.
O coração aperta, sabe que o sangue do outro ser poderia ser o dele, num estalo a vida vem a tona e o questionamento das suas atitudes explodem no parabrisas como num cinema, cego por um infímo espaço de tempo vê o primeiro raio de sol surgir no horizonte, sabe que poderia ser ele, sabe que assim vai ser ele. O mostro era um dia, outro como ele.
O fantasma metálico do carro capotado fez lembrar que o freio é o pedal do meio e nessa hora, até o vento calou.
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